Entrevista com Jah Bauer

REGGAE

Bruno Ferreira

8/11/20245 min read

Como você começou na música?

Comecei por volta de 2006, o Reggae estava tocando bastante na minha cidade, e eu frequentava vários shows de Reggae por aqui, aí num certo dia, fui ao show da banda Ponto de Equilíbrio, queria sensação do momento, e durante um dos sons, um cara tocou no meu ombro e disse, vc sabe cantar todas, não tá afim de fazer um som com a gente, esse cara é o Rafael, que me convidou pra integrar um projeto com ele e uns amigos dele, esse foi meu primeiro contato com a música de forma geral, pois nunca pensei em trilhar esse caminho. Esse primeiro projeto não fluiu, porém logo iniciamos um outro, com outra formação, onde começamos a compor nossos próprios sons.

Quem ou o que te inspirou a seguir essa carreira?

Jah em primeiro lugar. Nunca me vi como cantor, não sou fã de me ouvir cantando, mas alguns amigos que a música me deu, me deram relatos de vida, onde as minhas composições foram capazes de ajudá-los em momentos difíceis, ou em direcionamentos, e esse é o melhor pagamento desse tipo de trabalho.

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua carreira?

Ainda hoje, fato de ser uma banda desconhecida, trabalhando com música autoral, tendo que levar suas ideias ao desconhecido, sempre você acaba tendo tempo menor de repertório, pras bandas maiores terem mais espaço de protagonismo.

Existe algum momento ou conquista na sua carreira que se destaca como o mais significativo?

Saber que a música produzida de forma independente, também é capaz de chegar em muitos lugares diferentes, antes já ficava muito feliz em ver as músicas tocando pelos mais diversos estados do país, e hoje tem tocado em alguns outros países, chegar também nas rádios FM, e ver as barreiras que a música é capaz de quebrar é indescritível.

Como é o seu processo de composição? Você segue uma rotina ou é mais espontâneo?

Meu processo criativo é muito espontâneo, não me cobrou muito a esse respeito, umas letras vem mais fácil, outras demoram um pouco mais, mas acredito que tudo no seu tempo.

Quais são suas principais influências musicais? Como elas moldaram seu estilo?

Burning Spear, Sizzla Kalonji, Luthan Fyah, Twinkle Brothers, me identifico muito por ser um reggae espiritual, voltado pro amor de Jah e tratar sobre assuntos relevantes e de empoderamento.

Pode nos falar um pouco sobre o seu último projeto? Qual foi a inspiração por trás dele?

Foram lançados 2 projetos quase que simultâneos entre o final de julho e início de agosto, o primeiro foi o single Semente do Amor, com produção do Abudub, e Dubmix pelo Dbem sounds. Conheci o Abudub de Minas Gerais, em 2023, através do cantor e amigo Jah Walla, de São Paulo, que fez essa conexão, me dizendo que tinha um beatmaker afim de fazer um trabalho novo, e de cara já topei a ideia de fazer parte desse projeto, e quando eu recebi o riddim, gostei tanto, que foi uma das composições mais rápidas que eu já criei. Embora o restante do processo foi um pouco mais demorado, com o single sendo lançado em julho de 2024.

E o projeto mais atual, está sendo lançado hoje em todas as plataformas, chama-se Jah Bauer & Dub Consciência "Aovivo na Sala Glória Rocha" vol.1, é um projeto com a banda que me acompanha, no qual ele vem com 4 singles, sendo um deles com vídeo clipe no YouTube.

Como foi o processo de gravação/produção deste Ep?

O Ep Ao vivo na Sala Glória Rocha, foi de produção inteiramente nossa, desde a organização do evento, emprego de capital, contratação de colaboradores, locação do teatro, pois esse evento foi realizado com o intuito de levantarmos um material de trabalho áudio visual com o time completo. Foi uma noite memorável, onde estiveram presentes familiares, amigos e fãs do trabalho, num espaço o icônico da nossa cidade.

Como você vê a indústria musical hoje? O que mudou desde que você começou?

Quando comecei a ouvir Reggae, ainda não era tão fácil o acesso, ficava ao lado do rádio, nas quartas feiras a noite, esperando o início do programa Dumont Reggae, pra gravar na fita K7, depois isso evoluiu um pouco, com acesso à computador, mas também só era possível através de muita pesquisa em sites como o Emule, também através de compras de cds compartilhados, nas quais eu fazia junto com um amigo colecionador, o Ademar, que já fez sua passagem e também contei muito com a ajuda do amigo Jarbas, o Pássaro Rasta, dono de uma reggae shop da cidade, que sempre me enviava cópia de suas relíquias. Porém com a chegada das plataformas digitais, hoje o acesso está na palma da mão.

Quais são suas opiniões sobre a importância das plataformas de streaming para a música?

Tem dois pesos, a facilidade de pesquisa, tudo o que vc procura está ali, porém quando se fala em distribuição através do algoritmo, somos como uma agulha no palheiro.

Como você lida com as redes sociais e a interação com seus fãs?

Sou bastante ativo nas minhas redes, gosto de sempre estar atualizando o público sobre as novidades do trabalho, divulgando músicas, shows, e também um pouco sobre o meu dia a dia. E procuro responder à todos os comentários e conversas com o público, pra melhor entender as preferências e criticas.

Como você equilibra sua vida pessoal com sua carreira musical?

Tento alinhar horários, tanto quando se fala de ensaios, shows e interações, mas não é difícil, pelo fato de ter o apoio da família com relação ao trabalho musical.

O que você faz para se manter inspirado e criativo?

Tento estar atualizado com os temas que rolam ao redor do mundo, conectado com Deus, com minha família e com os meus propósitos de vida, e muita ganja me ajuda nesse processo.

Quais são seus planos ou projetos para o futuro próximo?

Estou projetando um lançamento próximo, de um single chamado "A voz do trovão" em parceria com o cantor Bruno Nathy, da Bahia, além de alguns shows a serem realizados através de editais do governo. Com o intuito de levar muita música reggae para o povo.